Dívidas: a diferença entre o remédio e o veneno está na dose

Eu sempre oriento que endividamento inconsciente pode limitar oportunidades financeiras e te deixar economicamente dependente dos seus credores e aumentar significativamente o risco do seu negócio. Por isso, é importante identificar os sinais de que você está exagerando na dose, para tomar medidas preventivas e pagar dívidas antes que seja tarde demais.

Se você estiver passando por qualquer dos cenários que vou listar abaixo, é hora de mudar o rumo das suas decisões. A seguir estão alguns dos principais indícios de que assumindo mais dívidas do que deveria.

foto de mãos de homem segurando carteira vazia e fazendo contas para pagar dívidas
Pagar dívidas não precisa ser um pesadelo

1. Você nunca tem dinheiro suficiente para cobrir sua despesa total

Se você descobriu recentemente que precisa pedir dinheiro emprestado ou aumentar seus limites de crédito para cobrir custos, despesas e investimentos, isso indica possíveis problemas financeiros.

2. Você está frequentemente atrasando pagamentos de contas

Mesmo aqueles de valores menores, se estiver boletos atrasados por aí, há um bom motivo para preocupação. Isso não significa um desastre imediato, mas definitivamente requer mais controle do orçamento e ajustes na maneira como gerencia as despesas do seu negócio.

3. Você tem despesas enormes comparadas às receitas obtidas no mesmo período

Se você estiver gastando mais do que ganha, esse é um grande alerta vermelho sobre seu endividamento presente ou futuro e requer ações imediatas para remediar o problema antes que se torne insustentável.

4. Você evita ligações e correspondências relacionadas às contas pendentes

Isso porque não deseja discutir detalhes da situação financeira atual. O melhor a fazer é tentar solucionar as coisas rapidamente para evitar consequências severas posteriores à inadimplência prolongada.

Estes são apenas alguns exemplos. Entretanto, nem sempre é possível detectar os sinais logo no início do processo. E são inúmeros fatores, mas o mais comum é a inadequação ou inexistência de controles internos na organização, que pode agravar a situação. Em português claro: não entender claramente a geração (ou não) de caixa da sua empresa.

Você quer assumir o controle das finanças da sua empresa e sair dessa situação? Continue lendo.

Erros comuns que muitos comentem ao se endividar

Para escapar rapidamente do perigo do endividamento sem planejamento, é importante considerar o que não fazer no processo de contratação de dívidas. Como em qualquer processo financeiro delicado, há erros que podem ser evitados. Deixo alguns exemplos a seguir.

1. Não misture despesas pessoais e comerciais. Já falei sobre isso com mais profundidade aqui no blog, no artigo sobre como separar o dinheiro da empresa do dinheiro pessoal. O perigo aqui está em dar chance a um sistema contábil confuso e desorganizado, que dificulta o rastreamento correto de suas finanças.

2. Não atrase o pagamento por muito tempo. O atraso no pagamento de contas pode ter sérias consequências, tais como penalidades ou taxas de juros mais altas. Portanto, tente pagar as dívidas a tempo ou até antes da data do vencimento. Procure entender a causa raiz do “aperto” financeiro. Você está tendo prejuízo? Está perdendo dinheiro? Ou está crescendo mais rápido do que a sua capacidade financeira permite?

3. Não se esqueça do pagamento da dívida. Pode soar estranho, mas isso é muito mais comum do que você imagina. É importante lembrar que você é responsável pelo pagamento da dívida e que chegará o momento em que ela precisará ser paga, simples assim. Portanto, é importante ter uma estratégia para administrar tudo com antecedência.

4. Evite empréstimos para pagar dívidas existentes. Solicitar um empréstimo para pagar outros pode não ser a melhor opção. Como se estivesse tapando o sol com uma peneira. Isto não vai resolver seus problemas financeiros e pode realmente piorar a situação. Faça novos empréstimos apenas se for para trocar dívida cara por dívida mais barata, ou o que os economistas – como eu – chamam de “alongar o perfil da dívida”: aumentar o prazo de pagamento da dívida, sem aumentar a taxa de juros.

5. Não se esqueça da gestão orçamentária. É essencial controlar as despesas a fim de reduzir custos, aumentar a economia e manter o endividamento. Além de que, com uma gestão focada em resultados (margens mais altas, mix adequado de produtos e serviços etc.), bem planejada e bem executada, dificilmente você terá problemas como estes.

O que fazer quando você não souber pagar suas dívidas?

Fazer uma revisão recorrentemente dos seus gastos permite reconhecer padrões negativos e, assim, adotar medidas preventivas. Além disso, você também precisa analisar sua situação e definir uma boa estratégia de pagamento.

Como analisar seu endividamento

Em primeiro lugar, determine sua posição financeira. O mercado (bancos, principalmente) trabalha com alguns indicadores gerais. Menciono aqui o mais comum: Dívida total / EBITDA anual. EBITDA, é a sigla para o inglês Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou, em tradução livre para o português, “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização” (também conhecida como Lajida).

Se o seu EBITDA te permite pagar a sua dívida entre 2,5 e 3 anos, a sua empresa está no intervalo do “remédio”. Se passar de 3,5 vezes, seus credores começam a enxergar que você está literalmente se envenenando com dívidas.

Para fazer isso, é preciso ter um sistema de contabilidade organizado que permita registrar todos os dados com precisão e em tempo hábil. Ter acesso a informações atualizadas ajudará você a ver o problema a partir de uma perspectiva mais prática e tomar melhores decisões. Sem emoções e ilusões.

Fale aberta e frequentemente com os credores e explique francamente sua situação. Se necessário, solicite um plano de pagamento ou negocie termos mais flexíveis. É aconselhável priorizar os pagamentos de acordo com a taxa de juros acumulada em cada empréstimo.

Além disso, se você tiver algum ativo que possa ajudá-lo a pagar suas dívidas, e que não esteja sendo utilizado para gerar lucros para o seu negócio, considere a possibilidade de vendê-los. Finalmente, não deixe de reservar uma parte da renda a cada mês para construir um fundo de emergência para tempos difíceis.

Defina uma estratégia de pagamento

De maneira simples e resumida, sua estratégia de pagamento deve incluir as seguintes etapas:

  1. Entender o motivo do endividamento. Crescimento que trará retorno econômico no futuro ou necessidade de cobrir prejuízos? No primeiro caso, a dívida pode fazer sentido, desde que o retorno seja maior do que o custo da dívida. No segundo caso, a dívida dificilmente faz sentido. Importante é atacar o prejuízo.
  2. Priorizar os pagamentos de acordo com sua situação financeira. Pagar sempre as dívidas mais caras primeiro.
  3. Estabelecer um orçamento visando maximizar a geração de caixa.
  4. Criar um fundo de emergência para eventos inesperados ou necessidades urgentes.
  5. Negociar com os credores e solicitar planos de parcelamento flexíveis, se necessário.

Não hesite em procurar aconselhamento profissional ou consultar programas governamentais que forneçam assistência financeira, como empréstimos para consolidação de dívidas ou aconselhamento de crédito gratuito, ou entidades como o Sebrae.

Conclusão

O pagamento de dívidas é um processo delicado que requer atenção e cuidado. Independentemente da situação, é importante lembrar que a dívida não é uma sentença. Com planejamento e disciplina, há maneiras de sair dela e recuperar o controle financeiro.

Estar informado e ter uma estratégia de pagamento são passos fundamentais para superar com sucesso o endividamento. Espero que este conteúdo tenha sido útil para te guiar nesse desafio.

Responda nos comentários: por onde você irá começar seu plano para pagar suas dívidas?


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